quarta-feira, 29 de agosto de 2012

... as lendas

Desembarcamos na Cracóvia com planos de passar apenas dois dias, mas chegamos ao quinto dia sem nenhuma pressa de partir. A cidade, que foi capital da Polônia por quase seis séculos e que escapou da destruição da Segunda Guerra Mundial, é simplesmente encantadora.
E não bastassem as belezas, a Cracóvia é cheia de lendas.
A primeira é sobre a Igreja de Santa Maria, com duas torres góticas diferentes, na praça principal da cidade. Reza a lenda que a construção das torres, em 1287, foi fruto de uma aposta entre dois príncipes irmãos e ganharia a disputa quem erguesse a estrutura mais alta. É claro que houve um vencedor e, por isso, as torres ficaram assimétricas, uma com 88 metros de altura e a outra com 69m.






Outra história curiosa é a do toque de um clarinete que ecoa pela cidade de hora em hora. Conta-se que, nos tempos medievais, um guarda municipal era encarregado de vigiar a cidade do alto da torre da igreja e, em caso de invasão, tocar um clarinete para alertar os soldados sobre o perigo. Numa das guerras, enquanto o guarda cumpria sua função e tocava o instrumento musical, ele foi atingido por uma flechada certeira no pescoço e morreu na hora. Em homenagem a esse herói, um músico sobe a torre da igreja até hoje, de hora em hora, e toca o clarinete na direção dos quatro pontos cardeais. E o mais legal é que o toque é interrompido bruscamente, simbolizando o momento exato em que o soldado foi atingido pelos inimigos.


A última lenda circunda a Mina de Sal Wielicksa, situada a 20 minutos de trem da Cracóvia. Dizem que a Princesa Cunegunda, da Hungria, estava prometida ao rei da Polônia, nos idos de 1.200, e que ela teria recusado o dote dado pelo seu pai, com muito ouro e pedras preciosas, alegando que aqueles bens tinham origem nas lágrimas e no sangue do povo. Em vez dessas riquezas, ela pediu sal, um bem essencial e escasso na época. O pai ofereceu-lhe então uma mina de sal na Transilvânia. Em homenagem ao presente, a princesa atirou seu anel de noivado dentro da mina. Anos mais tarde, já na Polônia, a princesa Cunegunda visitou a cidade de Wielicksa e pediu aos seus súditos que cavassem um buraco profundo na região. Para surpresa de todos, o lugar tinha sal em abundância e o anel deixado pela princesa na Transilvânia apareceu, milagrosamente, dentro de uma pedra de sal na Polônia. Por esse feito, ela foi decretada santa e a lenda está representada numa enorme escultura dentro da mina.






Nós descemos centenas e centenas de degraus mina adentro e chegamos a 335 metros de profundidade. No interior dessa atração, tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, há capelas esculpidas em sal, esculturas e figuras de santos, lagos e um restaurante. Tudo muito bonito, mas confesso que senti uma certa claustrofobia e um medo nada agradável. Mas o Renato, colecionador de sal, amou a visita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário