A cena lembra um campo de refugiados: dezenas de chineses deitados no chão, sentados com a cabeça apoiada sobre os joelhos ou deitados em sacos de linhagem. Nas escadas, pais com crianças apagadas no colo em meio a nuvens de fumaça de cigarro. Nos banheiros, uma sujeira ininarrável e um fedor de fazer vômito.
Calma! Eu e Renato não viramos correspondentes de guerra. Esta narrativa é apenas uma viagem do Trem 55, de Pequim a Xian. Durante intermináveis 14 horas, fomos passageiros da quarta classe de um vagão chinês...
Por causa de um feriado prolongado na China, todos os trens estavam lotados e não conseguimos vaga numa categoria turística. Sem maldade nenhuma, embarcamos no que os chineses chamam de “assento duro”. Achamos que esse nome era só um modo de dizer... Mas não! É a pura realidade! Cada vagão tem cerca de 150 poltronas, sem nenhum acolchoamento ou possibilidade de reclinar. Na partida, apesar do desconforto, a situação parecia sob controle, pois todos os passageiros estavam sentados. Mas, à medida que o trem fez paradas pelas estações no meio do caminho, o caos se instalou. Dezenas de pessoas viajaram em pé durante horas! Desumano!!! Eles improvisavam banquinhos no meio do corredor, sentavam-se nas escadas... E, quando o cansaço bateu para valer, eles desmontaram em qualquer canto. Aí sim tivemos a sensação de estar num campo de guerra que acabara de ser bombardeado.
Chegamos em Xian com a bunda quadrada e todos os músculos doloridos. A experiência não foi das melhores, mas válida para conhecer a China como ela é.
E bom também pra gente ver que pobreza não perdoa em lugar nenhum do mundo.
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