... os guerreiros

A obsessão do homem pela eternidade não para de nos surpreender. Primeiro, foram os faraós egípcios com os sarcófagos construídos em pirâmides; depois, os mausoléus dos reis de Petra, na Jordânia; e agora, a tumba do primeiro imperador chinês. Em Xian, visitamos o Exército de Terracota, com seis mil guerreiros construídos durante a dinastia Qin, no século 3 antes de Cristo, para proteger o túmulo de Shihuang Di.

Diante de tanta grandeza e maravilha, começamos a pensar que, se os poderosos governantes não podem escapar da morte (assim como o restante da humanidade), eles não medem esforços para que o culto a suas memórias seja eterno.

As estátuas são reproduções fiéis dos guerreiros, com feições, traços e penteados próprios. Ao visitar o monumento, tivemos a impressão de que cada um dos soldados posou para os artistas fazerem aquelas esculturas. O Exército de Terracota é considerado a maior descoberta arqueológica do século 20. As estátuas foram encontradas, em 1974, por acaso, por alguns camponeses da China que trabalhavam na perfuração de cisternas. Tombada pela Unesco como Patrimônio da Humanidade, a Necrópolis do Primeiro Imperador ainda não teve nem 10% da sua área escavada e grandes tesouros podem estar enterrados ali à espera de descobertas.

O fato de a história não ter sido totalmente desvendada é o ponto mais impressionante da visita. Em meio aos turistas, dezenas de arqueólogos, historiadores e restauradores continuam as escavações e reconstruções da tumba do primeiro imperador. Acho que vai ser muito gratificante quando, daqui a alguns anos, nos depararmos com novos achados estampados numa manchete de jornal. Vai ser uma ótima desculpa para visitar a China novamente!