Estou honrada, lisonjeada e emocionada com o “presente” que ganhei durante visita às pirâmides e à esfinge de Giza. No meio de tão grandiosos monumentos, fui eu quem se tornou atração turística, acreditam? Duas jovens muçulmanas, de 20 e 21 anos, nascidas no Iêmen, e completamente cobertas com uma burca preta pediram para fazer foto comigo! Poucas vezes fiquei tão surpresa e tão alegre com uma situação inusitada como essa.
As duas jovens se aproximaram de mim e do Renato quando saíamos de dentro da Pirâmide de Keops. Quando elas chegaram mais perto de nós, eu percebi a movimentação rápida dos olhos delas na minha direção, dentro do único buraquinho existente na burca. Como admiro profundamente a beleza das tradições muçulmanas, eu logo abri um sorriso simpático para as garotas. Pronto! Foi o bastante para elas ficarem ao meu lado e pedirem para tirar fotos. O mais engraçado é que elas se revezavam para aquela pose, ali nos pés da pirâmide.
Quem nunca visitou um país muçulmano deve estar me achando ridícula... Mas vocês não conseguem imaginar o nó que isso deu na minha cabeça... Foi muito louco pensar que uma mulher de calça jeans, camiseta de malha, óculos escuros e cabelos soltos, como eu, pode parecer estranha ou exótica aos olhos de alguém.
Esse episódio também despertou em mim a necessidade de uma reflexão sobre os preconceitos que nós, ocidentais, temos sobre o uso da burca pelas muçulmanas. À primeira vista, só conseguimos pensar na opressão e na submissão que essa roupa representa e, numa comparação, nos sentimos livres diante delas. Mas, paira uma dúvida na minha cabeça: será que a cultura ocidental, com a sua ditadura da beleza e da vaidade levada às últimas conseqüências, não é uma forma cruel de opressão?
Só a título de comparação, sob o sol escaldante e um calor de mais de 40 graus no deserto em torno das pirâmides, as muçulmanas estavam bem protegidas debaixo de seus véus e burcas. Certamente, elas guardavam toda a sua beleza apenas para seus maridos, amigos e parentes. Já as ocidentais, que preferem se exibir para a sociedade, esturricavam pele e cabelo na aridez do Saara. E, para completar, algumas usavam mini-saias e salto alto para subir escadarias de pirâmides e tentar caminhar na areia. Agora me falem: quem sofria mais as conseqüências da submissão e da ditadura?
Sensacional!
ResponderExcluirNão é por nada, não, mas eu também queria uma foto com voce sob a sombra de Keops.
ResponderExcluirViajar nos faz pensar e abrir a cabeça né não ou né não? Preconceito? Quero tá fora.
Toméia, você me emocionou com esse comentário! Falou pouco,mas falou TUDO! Nossas opções nunca servirão de argumentos. Daí, paramos de argumentar e esperamos, pa-ci-en-te-men-te, que a realidade bata na porta de cada um. E ela bate, uns não atendem, fazem de conta que não estão em casa. Isso, eu invejo, mas é a chamada "inveja branca", ou seja, inofensiva. rsrs..
ResponderExcluirPensa bem: uma mulher de burca não passa horas no salão, fedendo amônia, porco sapecado, ouvindo absurdos.
É menina Glória, só agora, já entrando a noite li o que tua mãe a "esmeraldina" Yoná me narrou na parte da manhã. Sinceramente, a ditadura da moda, da obsolescência percebida e programada, e do exibicionismo puro e simples escravizam mais, você tem razão, e sensibilidade o suficiente para fazer esta belíssima leitura desta oportunidade de ouro que, junto com o Renato, tiveram, sem chance de não permanecer para sempre. Um grande abraço. Saúde e Sorte. Independente de crença, que Deus os abençoe. ngelo
ResponderExcluirGogoia, isso tá igual novela. Todo dia cedo entro para saber o que está acontecendo aí, e aonde...Muito bom.
ResponderExcluirBeijinho